Assim que acontece...

"Posso garantir... Não a nada melhor que uma ligação de um Amigo no fim do dia"

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Interrogações


Wallace Andrade Teixeira

O que seria o ser humano? Isso é uma pergunta que me faço constantemente. Aliás, essa é a minha única certeza sobre a constituição do ser humano. A pergunta: O que é o ser humano?

Mencionar que o homem é corpo, ou só alma e até mesmo uma síntese disso, penso que é uma grande redução do que é o Homem. Seria como se eu dissesse: _Eis aqui o homem. E todos perguntassem: _ Onde ele está? E então: Aqui, o homem é isto!

Acredito que o verbete Antropologia traz em si mais do que características do que estudamos. Não eliminando o que estudamos até aqui. Pelo contrário, eles foram pré-requisitos para meus questionamentos. Sem eles (os estudos dos textos) eu não questionaria o que é o homem e mais ainda, eu não me questionaria.

E aqui descrevo minha opinião do que é o homem! Ele é uma interrogação. É como se fosse um pendulo e seu movimento. O objeto (pendulo) é o indivíduo e seu movimento toca extremos, o interrogante e o interrogado. E então estabelecemos a pergunta. O que é o homem?

Às vezes o ser humano está em inquérito. Sendo constantemente interrogado por um mundo que ora é seu habitat, ora deve habituar-se a ele. E em contrapartida o ser humano é interrogador, ele não aceita as coisas como estão ou são. Se ele vai habitar ou se habituar não nos é possível saber, mas que ele vai questionar é inevitável. Se isso não fizer, ou ele não será humano ou ele se perguntará de tal atitude. Não estou reduzindo o ser humano a interrogações, seria o mesmo que reduzi-lo a como dito antes (corpo, alma ou síntese).

Tentarei explicar meu parecer. Vejo que através de interrogações o ser humano chega a exclamações. Ele evolui, se constrói, ou melhor, ele entra num processo de destruição e construção. Uma constante auto-modelação. Ele se supera ao final de cada frase. Mesmo que parando em meio a vírgulas, seu desejo é sempre à completude do “texto”. Entretanto ele só chega aos pontos finais de parágrafos. E vai escrevendo sua história, criando esperança de responder a pergunta: o que é o homem? Chegando ao final das linhas da folha ele se prepara para o fim do texto e o alcance da resposta.

Mas quando ele chega ao aparente fim, ele vira a página. E se vê perante muitas outras linhas esperando vírgulas, travessões, parágrafos e consequentemente muitas interrogações. Acho que agora fica mais claro meu pensamento. Não claro e distinto, todavia menos “embaçado”.

Não sei se é correto meu destrinchar dos verbetes, mas gosto de fazê-los. Chama-me a atenção e me impressiona. Vejamos como eu gostaria de desmembrar a palavra interrogações. Eu dividiria em Inter e rogações. A primeira quer dizer dentro, interno, interior. A segunda seria rogar, pedir, clamar. E como classifico o ser humano como interrogações tenho que concordar que ele é um movimento constante de clamores interiores de quem ele é, o que ele é.

E isso não é motivo algum de caos ou crise. Mas motivo de graça, um tempo de graça (Kairós). Entretanto não são interrogações sem respostas. Mas interrogações respondidas. O indivíduo se torna um Ser mais Humano a cada momento que se perde respondendo duvidas, perguntas. Até mesmo se a resposta for uma outra resposta.

Portanto Antropologia a meu ver é isso: movimento. Não importa qual seja a antropologia. Mas na filosofia ela é uma dança que, de acordo com a melodia dos acordes, cria coreografias e apresenta um espetáculo contínuo da tentativa de responder: que é o homem?

Nenhum comentário:

Postar um comentário